terça-feira, 23 de setembro de 2008

BLOGLIVRO: O INTERNATO

PREFÁCIO
Sempre quis escrever sobre a educação e a sua instituição mais valiosa para a sociedade, a escola. Tentarei de forma ficcional traduzir este infinito particular. Afinal, fui formado por ela sem perceber. Estou aqui, desprovido de palavras em artesanato. Espero que gostem.
ACOLHIDA DIURNA
Para viver num internato necessariamente não precisamos morar nele. Basta estarmo s ligados ininterrupidamente a ele de forma emocional. Pouco sabemos o que acontece nas mentes daqueles que projetaram uma vida escolar. Mas sem divagações. Sou professor de sociologia em construção, formado por uma Universidade Pública de uma Cidade do Interior. Na verdade sou artista camuflado. Estou atualmente trabalhando num internato com raízes no catolicismo. Apóstolico Romano. Um murro de padrões, hábitos e atitudes moralmente observadas pelo Inspetor de Classe. Está quase na hora das crianças e dos jovens levantarem seus corpos e se fazerem presentes para tomar um belo raio de sol no rosto. Para acordar. Este ritual sempre me incomodou. Colocá-los defronte para uma parede e refletir raios de sol com espelhos. Mas eles inventaram um jeito de driblar a tentativa de agressão. Vamos para a sala-de-aula.
O professor Maurice D´Olean sempre trajando as suas vestes prateadas, com o seu apito tradicional resolve disciplinar os meninos com a ordem e o progresso, hábito de todos os positivistas. Eu humildemente fechei o zíper para que ninguém percebesse a falta de minhas ceroulas alaranjadas, moda entre os adultos daquela época. Caminhando lembrei-me de quando entrei nesta instituição...Nossa, como era tolo. Quando olhei para uma aluna que vinha em passos arrogantes pelo corredor, sim, lembrei-me de uma reunião de classe.
A REUNIÂO DE CLASSE
Marcada para as três da tarde, a reunião começou pontualmente e todos os participantes tiveram que assinar uma lista de doações para os pobrinhos da comunidade. Não assinei. Todos me olharam como se eu fosse o Judas. Quem derá, hoje estaria muito bem obrigado ao lado daquele que foi imcompreendido pela humanidade. É. Acabei por livre espontânea pressão assinando. O proximo assunto seria a respeito de uma aluna que nunca assistia as aulas e quando assistia ficava a conversar com os colegas sem trégua. Uma perdição. Devemos salvar os ricos? Confesso que sou preconceituoso, tenho dificuldades de educar os mais abastados da sociedade. Eles tem todas as oportunidades e não aproveitam. Bom, voltando ao assunto da reunião. A mãe da aluna estava pedindo para que a sua nota fosse revista, ou seja, aproximada para que ela saisse da recuperação. Devemos pensar racional e não com o emocional, dizia o positivista professor Maurice D´Olean. Mas a sugestão do nobre professor ia ao seu encontro. A razão já tinha sido usada pela coordenadora de ensino. O que ele estava propondo era revolucionário para o positivismo. Usar o emocional para resolver questões racionais. Eu ousei falar. Para quê? Deveria ter ficado quieto. Eu acho caros amigos que mais uma vez o cliente teve razão. Ih! Olha a razão aí de novo. Expressão a emoção para se chegar a uma razão capitalista, que não tem lógica alguma. A velha teoria do "aperta que ela peita" funcionou mais uma vez. Desculpe não quis ofender, foi a primeira palavra que me veio a cabeça. Uma coisa me serviu de lição, numa escola católica apóstolica romana o coitadismo e do salvacionismo estão presentes em todos os cantos e lados iluminados e escuros. Pois é, devemos sempre dar uma chance para aqueles que pecaram. Esta doação eu tive que assinar, sem pestanejar.

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