LIXO CARBNAVALESCO OU ARTE
PÚBLICA?
Fazendo um caminho
em algum lugar do interior de São Paulo, bem próximo do Rio Paraíba do Sul,
deparei-me com enormes esculturas de isopor, fantasias e carros alegóricos bem
enfeitados. Restos do carnaval local?
Fiquei pensando o
que podíamos fazer com todas aquelas obras de arte que estavam ali expostas ao
ar livre para todo mundo que passasse. Não precisávamos pagar nada para
admirá-las. Podíamos fotografar a vontade, até tocar. Uma galeria a céu aberto,
que iluminado pelo sol compunhava o cenário em deslumbres. Duas meninas, que
passavam por ali, tiram fotos juntas dos carros na ânsia de guardarem uma
lembrança do Carnaval de 2011.
Onde estavam os
artistas para receberem os aplausos? Em suas casas? Trabalhando por aí?
Gostaria de conhecê-los com toda a dignidade. Dialogar, conhecê-los, propor
novos projetos de trabalho. Alimentá-los de esperança. Os artistas de carnaval
podem se manter vivos pós-carnaval. Só precisam de incentivos reais e
concretos. Deixo uma ótima ideia de projeto de incentivo público: deveríamos em
todo final de carnaval deixar as esculturas em exposição à céu aberto
intencionalmente como prova de que o povo é criativo e tem os seus artistas
natos. As obras de arte que estava observando estavam ali por um acaso.
Provavelmente não houve tempo hábil para serem transportadas para os barracões
das escolas. Os artistas das comunidades
carnavalescas costumam ficar no ostracismo e no anonimato. Grandes artistas que
ficam escondidos. Com vontade política podemos modificar esta realidade. Santos Vereadores olhai por nós!
Enquanto isso, eu,
encantado, estava ali... Fotografava tudo como um jornalista iniciante que se
encanta com a primeira matéria.
Vários clicks de uma câmera celular de três megapixels. Baixa resolução, mas bastante funcional. Um
caminhante inato da orla, creio eu, que passava por ali, teve a mesma
sensibilidade que a minha, e fez o seguinte comentário elogioso: ____Bonito à
beça! Concordei e continuei
fotografando em ângulos diversos. Pensei com os meus botões, como isso pode ser
considerado lixo, meu Deus. Daqui a pouco quando a prefeitura desarrumar tudo
(a passarela do samba), essas belas esculturas correm o risco de virar cinzas.
Esse é o preço que pagamos de não ter uma cultura de valorização artística e
patrimonial. Essas esculturas de isopor, senhoras e senhores, são patrimônios
populares e deveriam ficar guardadas em espaços culturais, escolas, projetos
sociais, dentre outros lugares que possam oferecer a reconstrução dessa história
que de alguma forma estão bem aqui, na frente dos meus olhos.
Até breve!
PUNIÇÃO E RECOMPENSA.
Caminhando pelas ruas de Guaratinguetá, adentrei-me no Grupo
Espírita Amor e Luz, instituição religiosa de tradição na cidade. Pude receber
o acolhimento dos seus membros. Toda terça-feira de 15hs às 16hs acontece uma
reunião, onde se estuda o evangelho do Cristo segundo o Espiritismo, seguido de
orações e passes. Benfazejo! É
como você sai de lá. Nesta semana a reflexão foi sobre um tema que se parece
com uma moeda de duas faces: punição e recompensa. Como ainda vibramos nessa
crença de culpa e medo. Pare um pouco para pensar, reveja as suas atitudes.
Quando erramos costumamos nos punir de forma consciente ou inconsciente.
Dificilmente nos responsabilizamos. Para tentar sanar as nossas dívidas
buscamos os jogos no intuito de recebermos a recompensa pelo sofrimento vivido.
___Nossa faz tanto tempo que estou nesse sofrimento, merecia uma recompensa?
___Nossa faz tanto tempo que estou nesse sofrimento, merecia uma recompensa?
As nossas esperanças são focadas em algum bicho sonhado ou em seis
ou no máximo dez dígitos aleatórios. Acreditamos na sorte e no azar ao mesmo
tempo. Nessas horas em que erramos ou em que acertamos por sorte, esquecemo-nos
da maior força presente no Universo, o AMOR.
Nós não estamos aqui para sofrer, mas também nós não estamos aqui
para ser premiado, recompensado sem nenhum movimento proativo. Nada acontece
por acaso.
Nós estamos aqui para brilhar através do AMOR. Para isso precisamos aceitar o PRESENTE. Se dou resistência, recebo resistência, se dou medo, recebo medo, se dou dor, recebo dor, se dou amor, recebo amor.
Nós estamos aqui para brilhar através do AMOR. Para isso precisamos aceitar o PRESENTE. Se dou resistência, recebo resistência, se dou medo, recebo medo, se dou dor, recebo dor, se dou amor, recebo amor.
Escolhemos sermos felizes, afinal "gente é pra brilhar e não
para morrer de fome".
Caminho
Caminho
s.m.
Qualquer faixa de terreno destinada ao trânsito de pedestres ou de veículos;
estrada, vereda, atalho,
picada.
Espaço a percorrer de um lugar para outro: a linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos.
Meio de alcançar um resultado; norma de proceder: o caminho do sucesso.
Náutica Ant. Rumo marítimo: o caminho das Índias.
Caminho de ferro, via de comunicação que utiliza veículos sobre trilhos de ferro entre cidades, países
etc.; estrada de ferro.
picada.
Espaço a percorrer de um lugar para outro: a linha reta é o caminho mais curto entre dois pontos.
Meio de alcançar um resultado; norma de proceder: o caminho do sucesso.
Náutica Ant. Rumo marítimo: o caminho das Índias.
Caminho de ferro, via de comunicação que utiliza veículos sobre trilhos de ferro entre cidades, países
etc.; estrada de ferro.
Trôpegoadj. Que anda com
dificuldade, mancando. / Que tem dificuldade ou impossibilidade de mover
qualquer dos membros.
ROBSON E A SUA DESERTA
ILHA
Caminhando costumeiramente para
chegar no meu local de trabalho, vi na calçada da E.E Conselheiro Rodrigues
Alves, o conhecido Instituto, um jovem caído no chão. Por alguns segundos
observei-o com compaixão e escrevi esta crônica:
Acordei no chão da calçada como
se eu fosse um barco naufragado. Todos os meus amigos estão mortos-vivos,
compulsivos em pedras sem brilho que são fumadas em cachimbos feitas de lata.
Nunca vi algo tão horroroso e destrutivo. O sol escaldante batia em minhas
costas. Olhei ao meu redor e não vi ninguém conhecido, estaria numa ilha
deserta?
Estava sujo, com sede e fome, sentindo-me abandonado. Tornei-me invisível. Falava com as pessoas, mas ninguém me respondia, ninguém me dava atenção. O medo começou a me tomar conta.
Estava sujo, com sede e fome, sentindo-me abandonado. Tornei-me invisível. Falava com as pessoas, mas ninguém me respondia, ninguém me dava atenção. O medo começou a me tomar conta.
Acordei no chão da calçada como
se eu fosse um barco naufragado. Todos os meus amigos estão mortos-vivos,
compulsivos em pedras sem brilho que são fumadas em cachimbos feitas de lata.
Nunca vi algo tão horroroso e destrutivo. O sol escaldante batia em minhas
costas. Olhei ao meu redor e não vi ninguém conhecido, estaria numa ilha
deserta?
Estava sujo, com sede e fome, sentindo-me abandonado. Tornei-me invisível. Falava com as pessoas, mas ninguém me respondia, ninguém me dava atenção. O medo começou a me tomar conta.
Aquela pedra sem brilho algum... recordava-me que a tinha tocado com os lábios. Pura lascívia do diabo. Isso tudo para tentar ter coragem para chegar numa mina que há muito tempo eu olhava na escola. A biga de cigarro que observava no canto do paralelepípedo me convidava para uma fumada. Distrairia a minha fome por um tempo que parecia não passar. Horas, minutos, segundos não tinham mais sentido.
Estava sujo, com sede e fome, sentindo-me abandonado. Tornei-me invisível. Falava com as pessoas, mas ninguém me respondia, ninguém me dava atenção. O medo começou a me tomar conta.
Aquela pedra sem brilho algum... recordava-me que a tinha tocado com os lábios. Pura lascívia do diabo. Isso tudo para tentar ter coragem para chegar numa mina que há muito tempo eu olhava na escola. A biga de cigarro que observava no canto do paralelepípedo me convidava para uma fumada. Distrairia a minha fome por um tempo que parecia não passar. Horas, minutos, segundos não tinham mais sentido.
Mesmo sentindo muito frio
tratei de arrumar um canto qualquer para dormir. Debaixo da ponte onde o rio
passava estreito. Natália cadê você? O sono demorou a chegar.
Noutro dia ainda com muita fome
tentei encontrar os caras que tinham me apresentado à pedra sem valor e sem
brilho algum. No lugar onde eles estavam só encontrei um cachorro velho, uma
gata manca e diversas balas estragadas que não serviam para nada. Nem para por
em cima da linha do trem para serem estouradas.
Existe um lugar que os invisíveis freqüentam e não incomodam, fazem até um favor para a sociedade.
Existe um lugar que os invisíveis freqüentam e não incomodam, fazem até um favor para a sociedade.
Estou falando do Mercado
Municipal. Lá tem umas frutas e legumes que ficam pelo pátio à vontade. Quanto
mais a gente cata, menos sujeira fica. "Meu
futuro não parecia tão bom... Na verdade prometia ser triste, com poucas
esperanças de salvação." – Estava escrito num pedaço de papel de açougue
sujo de sangue de carne. Será que tinha mais alguém nessa ilha? O maluco que
escreveu isso, falava exatamente como eu estava me sentindo.
Apesar da fome ter passado por
hora, desanimado chorei muito, mas nenhuma lágrima saia dos meus olhos. Estaria
desidratado? Seco por dentro? Subitamente senti uma raiva de Deus: Foda-se o
pai eterno. Por que ele me abandonou? Por que ele deixou que esta tragédia
abatesse sob a minha vida? Eu não consigo entender. A única coisa que eu
pensava era em fumar aquela pedra de novo para suportar a dor de não tê-la por
perto. (...)
As alucinações tomavam conta de mim, o rio tinha se transformado em uma grande cobra amarela, todos aqueles que tentavam me ver ficavam cegos como se eu tivesse cabelos paralisantes como medusa. Arrebatamento? Não, eu não quero morrer aqui no meio da rua, sozinho. Eu não quero morrer. Não, eu não quero...(...) Outra noite se aproximava, mas muito mais assustadora. A solidão tomava conta do meu ser, de todo o meu ser. Quem eu podia recorrer?
As alucinações tomavam conta de mim, o rio tinha se transformado em uma grande cobra amarela, todos aqueles que tentavam me ver ficavam cegos como se eu tivesse cabelos paralisantes como medusa. Arrebatamento? Não, eu não quero morrer aqui no meio da rua, sozinho. Eu não quero morrer. Não, eu não quero...(...) Outra noite se aproximava, mas muito mais assustadora. A solidão tomava conta do meu ser, de todo o meu ser. Quem eu podia recorrer?
Um pássaro branco parecido com
uma pomba pousou em meus ombros como quem pousa nos ombros de uma estátua da
Praça Conselheiro Rodrigues Alves. Seria a paz? A presença da paz? Olhei para o
lado e vi a minha família se aproximando, por um instante achei que estivesse
sofrendo novamente aquelas desastrosas alucinações. (...)
Eu não acreditava no que estava acontecendo. Depois de algumas péssimas horas nessa deserta ilha, a minha família guiada pelos ventos da Mãe Natureza conseguia me resgatar.
Eu não acreditava no que estava acontecendo. Depois de algumas péssimas horas nessa deserta ilha, a minha família guiada pelos ventos da Mãe Natureza conseguia me resgatar.
Esperança...
ENGENHEIROS
PASSOS
A
caminhada de hoje foi bem interessante. Conheci uma comunidade que ainda não
conhecia. Engenheiro Passos. Pertence a Resende e faz fronteira com Queluz
(Município do Estado de São Paulo). O que me motivou? Fui para fazer um contato
profissional com a Escola Estadual do lugar. Deixei meu CD Portfólio/Currículo
para que no futuro possa servir para alguma coisa. Esta escola costuma abrir
espaço para instrutores de arte por conta do Projeto Mais Educação que tem como
objetivo, no meu entendimento, de incentivar o estudo dos alunos através da
Arte. Maravilha nê. A arte é o meio. Preciso saber mais sobre este
projeto.
Mas falando de Engenheiro Passos...
Pacata comunidade, cortada pela Rodovia Dutra. Apresenta uma tranqüilidade dos
campos, clima de roça. No seu centro tem a Igreja de São João Batista que se
encontra em festa neste mês de junho. Engenheiro Passos se assemelha a um arraiá
- antigas comunidades do século XIX. As ruas, o formato das casas, lembram
casebres do século dos Senhores do Café. Casebres que parecem Armazéns. Parece
que as pessoas daqui se conhecem há muito tempo, guardam segredos. A impressão
que dá é que quando alguém faz alguma coisa "errada", ou é expulsa, ou
sofre um bocado de preconceito por ser diferente. Comunidades fechadas costumam
ser mais moralistas em seu aspecto sócio-funcional. Assim os conflitos não
ocorrem. Este lugar deve guardar muitas histórias que merecem ser pesquisadas.
Estou aqui passando as minhas impressões poéticas em forma dessa
breve crônica. Deve ser bom morar aqui para quem gosta de sossego e paz. Eu me
acostumaria? Antes teria que me transformar, romper muitos paradigmas modernos.
Ainda sou muito apegado aos gozos materiais e sensoriais do corpo. Contudo
agora pratico o gozo da alma, do espírito. Estar aqui sentindo a tranqüilidade
desta comunidade e escrever sobre ela é um baita gozo d´alma. Vale à pena, quando a alma não é pequena.
Amanhã temos mais caminhada.
COMEÇAR DE NOVO EM RESENDE
Estou em Resende disposto a mais uma caminhada. Recordo-me da
música de Ivan Lins - Começar de novo. Já reparou na letra? A única pessoa que
eu posso contar neste começar de novo, sou eu mesmo. Caminho por uma rua no
bairro Jardim Jalisco que tem como cenário o pico das Agulhas Negras. Muita
beleza. Isso é que vale. A vida deve ser vivida sem ansiedade, com poesia, sem
apavoramento. A música de Ivan é um tanto melancólica, mas tem nos versos
iniciais uma sapiência. Repito: "começar de novo, e só contar comigo, vai
valer a pena." O resto da música é triste, prefiro ficar só com esta
frase.
Bom, quem sabe em alguma composição no futuro
eu possa estar usando-a como incidente sonoro. Dobro uma esquina, suba uma
ladeira, canto Hare Krishna. Esta crôniquinha tem haver com dois dias. Hoje são
17, ontem foi 16 de junho. Ir em busca daquilo que você acredita é foda.
Começar de novo em Resende. A sensação que estou começando do
zero. Estou começando de novo mesmo. Daí tornei-me um artesão associado. Fui
até a Associação dos Artesãos de Resende e me filiei. Em breve estarei expondo
e vendendo os meus livretos artesanais em feiras. Se quiser conhecer um pouco
do meu trabalho vai no blog: maloteca.blogspot.com. Legal é que a associação
fica na antiga estação de trem. Onde tudo começa, onde tudo termina. Aonde as
pessoas chegam, onde as pessoas partem.
"Começar de novo e só
contar comigo", com a minha parte mais divina "Vós sois deuses" - não foi isso que disseram. Busco esse Deus Interior.
Contar com ele.
Acredito que foi ele que me
trouxe até aqui. Ainda não sei para quê ou sei e não quero dizer. Essa sensação
de começar de novo... Parece que eu voltei 20 anos na minha existência. Vejo-me
lá em Ipatinga, acreditando na vida, o que será de mim? Vivendo. Começando... Ainda
novo, tinha 17 anos, cheio de sonhos... Aí me vejo com quase 40 anos começando
de novo como se tivesse 17 anos. Ainda cheio de sonhos. Será que a vida é um
começando?
Busco novos paradigmas.
Amanhã
tem mais caminhada. Começar sempre de novo.
UM CAFÉ, UM PÃO DE
QUEIJO E CAMPOS ELÍSEOS
Caminhando por Resende, encontro o seu Champs
Élyssées. Na verdade esse encontro acontece
religiosamente todo o sábado. Eu caminho por ali em busca de alguma novidade.
Nada diferente, mas gosto de andar pelo calçadão de Resende. Nada se compara ao
de Paris e a outros tantos calçadões que já caminhei, mas um espaço público
onde as pessoas se olham e se encontram, tomam um café, joga conversa fora,
come um pão de queijo, paga uma conta, compra uma coisa... Uma feira, uma
praça, um mercado nos moldes da burguesia na Idade Média.
Viva o Capital. Reclamamos do nosso salário, mas não renunciamos esta caminhada de feitiche consumista. Caminhamos, só caminhamos. Não compramos nada. De tanto olhar para o comércio, dá uma vontadinha de passar o cartão, comprar aquele scanner que não tenho ainda. Humm... Tomo uma água, respiro, almoço no restaurante pimenta malagueta. A balança desse restaurante tem vista, não é cega como as outras... é o que me parece. Caminhando... Não dá pra comer uma torta doce do Sabor e Arte? Está entendendo o que estou falando? Caminhar em Campos Elíseos é sinônimo de consumo. Saí dali, pelo menos neste sábado, apenas com um saco de areia para gatos, mais shampoo para caspa, mais dois sabonetes glicerinados e só. Para quem não ia gastar nada.
Amanhã
tem mais caminhada.
CAMINHANDO NA CORTE
Há alguns anos atrás estive caminhando pela Corte. Refiro-me a
Cidade do Rio de Janeiro, que mesmo depois de não ser mais sede da Corte
Portuguesa ainda mantém status e clima do mesmo. Sei que muitos não
concordarão. Mas quem tem alma de metrópole sabe do que eu estou falando. É bom estar na Corte. Visitar os
seus pontos históricos que são muitos. Nenhuma Capital consegue oferecer
tamanha mágica de ser. Estive na Urca/Praia Vermelha, próximo a Universidade do
Brasil, a primeira instituição do Brasil. O meu destino era o prédio da Unirio.
Bem perto dali estava o bairro do Botafogo. Os seus prédios são do passado, são
do futuro. Caminhar na Corte nos dias atuais tem ser feitos de carruagem de
ferro, os ônibus, os carros, os táxis, etc. A Corte oferece tudo de bom, ou
tudo de ruim, resta sabermos escolher. Espero escrever mais sobre esta minha
caminhada sofisticada. Contudo, querido leitores, se é que os tenho, o meu
compromisso agora passa a ser mais preciso. Até a próxima caminhada.
CAMINHAR É UM DESAFIO
Caminhar pela vida sem ferida é
uma questão de escolha. Caminhar é o interrupto. Você é capaz de dar a volta em
São José do Barreiro e voltar sem dor? Diria um guardião do tempo que fica
parado em frente a Parada do Milho todos os dias pontualmente às 13 horas da
madrugada. A Parada do Milho é um restaurante que fica no Centro Histórico de
Resende que guarda particularidades bastante valorosas.
Respondendo ao guardião do
tempo: Eu sou capaz de ir a São João de dia, para isso vou para a academia de
músculos e exibicionismos. Preparo-me todos os dias. Não me dê como frouxo. Um
dia eu irei pedalando ou caminhando até São José do Barreiro. Será o meu
caminho de Santiago de Compostella. Chegando lá visitarei a Igreja, pedirei um
copo d´água na sacristia. O
padre me oferecerá uma taça de vinho. Não seu padre eu não bebo? Mas meu filho é o sangue do Cristo. Não, eu
não bebo o sangue de Cristo, prefiro as lágrimas de Mamãe Oxum. Sabiam que as
cachoeiras são lágrimas de Oxum. Lavarei meus cansados pés na Cachoeira do
Veado. Animal que acompanha Oxum de perto e de longe. Não sabia? Pois é amigos agora fiquem sabendo.
Chegando em São José do
Barreiro pedirei para entrar na Fazenda de São Benedito. Acenderei uma vela para
o Santo em agradecimento a minha chegada naquela cidade defronte ao seu
Oratório Histórico do Século XVIII. Como voltarei para Resende? Olhando ao
longe a um grande lago, tive uma ideia? Será que ainda existem índios puris na
antiga Estrada das Barreiras (Impostos)? Tomando uma pinga no boteco da praça,
ouvi um preto velho dizer que debaixo das matas ciliar da direita existe uma
pequena oca feita de Juçara. E que lá vive um cacique ancião esquecido pelos
outros índios. O estranho da história é que Índio nunca esquecia o seu cacique em mata desconhecida. Os
puris assim como os brancos, passavam por São José a fim de seguir viagem para
a Serra da Bocaina. Depois
de escutar aquela conversa, tratei de caminhar em direção a pequena oca Puri.
CAMINHADA SOLITÁRIA
Na caminhada solitária e diária dobro a esquina como de costume em
direção ao Cine Vitória, atualmente Teatro Municipal de Resende, e faço versos
que ninguém quer ler.
O que importa? O mundo está com
as portas fechadas.
Neverland! Insisto, continuo
escrevendo palavras, verbos, onomatopéias suspeitas, sujas...que ninguém sabe
ler.
Ah! As onomatopéias, eu as adoro quando tiram um cochilo em plena
tarde de inverno.
Respeitável público quando as luzes do teatro se apagarem gritem
até as suas cordas vocais se arrebentarem.
Aviso importante:
Nunca grite para dentro, grite sempre para fora.
Agora estou sem palavras que signifiquem alguma coisa. Por que as
palavras têm sempre que tem significado? Outro significante... Onde fica? Na
vagina? No ânus? Na boca? Depende da sua sexualidade.
Ei, Myriam, você tem certeza que é mulher com M maiúsculo?
Para não perder o compromisso, uma moça me pergunta quanto custa o
poema pedra. Ao invés de dizer o preço, eu sugeri que ela distribuísse bolas de
aniversário com poemas dentro.
Dentro...
O que tem dentro da gente?
Há momentos que eu me sinto oco, vou para livraria e namoro os
livros até ficar protegido totalmente pelos anjos que ali moram.
Viver dói.
Caminhar engorda e meu guarda-chuva não me protege da chuva.
Gracias a los Dios!
CAMINHANDO PELA CORTE #2
Rio, uma cidade de destinos. Rio é uma cidade de destinos, de
encontros inventados às 16h. Vinte e dois graus celsius marca o relógio
eletrônico em frente ao edifício condor. Árvores
a perder de vista pelo Largo do Machado. Hoje eu estou no Rio, um caminho de
muitos matizes. Morrer de coração era o sonho de todo romântico. Ave Romeu! Ave
Julieta! O caminhar senhores às vezes se dá pela imobilidade. Ficar
simplesmente parado, ouvindo-vendo-sentindo os transeuntes urbanos. Ainda
continuo diante do Largo imenso aglomerado. Na verdade em frente à praça do Largo. Recordo-me
que certa vez uma imagem me inspirou a uma foto. Muito delas são imaginárias,
mas a minha sorte é que eu estava com a máquina na mão.
O mundo é muito Appeal. Silêncio. Quanta custa o preço do chapéu? Custa R$ 20,00
respondeu-me um latino-boliviano-peruano-colombiano. Minha originalidade não me
deixa comprá-lo, quero ser diferente. Espero ansiosamente um grande amigo.
Bater um papo num café. Encontro que não se vê mais hoje em dia. Aqui no Rio isso
não é coisa só do passado. Encontrar um amigo para tomar um café é um evento
especial na vida. Esses encontros, caríssimos senhores, transcendem o tempo e o
espaço. Fica registrado nas estrelas. Quando e aonde vamos nos encontrar de
novo? Não importa. Sou íntimo de mim mesmo. Este meu amigo é muito validador.
Otimista. O pior já passou. Agora você está na melhor das energias: você. Eu?
Sim, você é o seu melhor projeto. Um abraço. Eu gosto muito do Rio. As
lembranças de infância são as melhores.
Alguma vez experimentou dormir em um hostel. Quarto coletivo com
22 camas costuma custar mais barato. Não deu tempo de conhecer os meus
companheiros de quarto. Vivenciamos uma coletividade discreta e silenciosa. Nos
falamos sem fala. No outro dia, na Rua Hadock Lobo, Bairro Afonso Pena, em cada
esquina uma guardiã do tempo, senhoras sentadas em seus bancos altares. Rezam
por aqueles que passam. Babuciam palavras incompreensíveis. Devo lembrar que é
Domingo. As guardiãs gostam também de ficar em frente aos templos religiosos da
Rua Haddock Lobo. Um viaduto testemunha o trabalho-tempo das guardiãs. O que fazem exatamente? Os
transeuntes urbanos da Rua Haddock Lobo, já estão acostumados com a presença
das guardiãs. Da janela da Escola Municipal Mário Claúdio ouço em “silêncio
pré-concurso da multirio” a loja do Popeye – vender artigos de São Cosme e
São Damião. Sirenes de Ambulância. Estou no terceiro andar na sala 20 numa
carteira encostada a janela, por isso o testemunho indiscreto. Para escrever
uma crônica urbana, a indiscrição tem que estar presente. O rio é uma cidade de
destinos inventados.
DANDO UMA
VOLTA EM VOLTA REDONDA
Dessa vez sem retratos, apenas pintura. A realidade dói, por isso
fantasiamos tanto a nossa vida. Dando uma volta em Volta Redonda, primeiro vou
com muita fome no Espaço das Artes Zélia Arbex, em cartaz uma exposição do Ateliê
Tânia Corsini. Vendo os quadros dos seus alunos, dá para se ver que é uma
escola de pintura, refiro-me a uma escola de tendência. A mestre influência
várias pinceladas presente nos trabalhos de Marly Rosa e Martha Costa. Dois
adolescentes fêmeas que olhavam para um quadro dão uma gargalhada debochada.
Isso é Arte? ___Sim, isso é Arte. Respondo mentalmente. Para entender a Arte é
preciso estar numa vibração diferenciada, entendeu? Num nível de
intelectualidade bem mais avançado, não estou falando de conteúdo enciclopédico escolar, e sim de sensibilidade
humana. Não entenderam nada nê.
Eu para dizer a verdade, detesto pinturas feitas em Ateliês de
pintura coletivos com foco acadêmico, mas confesso que este Ateliê me convence
por toda hora, a pensar que boas pinturas são feitas também nestes ambientes
normáticos.
Clavir Spinola tem um olhar quase microscópico da natureza, fazendo-nos ver minúcias
que não acostumamos ver no nosso dia-a-dia. A gentil Roseli Freitas nos seduz
ao mundo da infância. Lindos quadros, decorativos e de traços refinado.
Sabe uma coisa que eu observo nos centros urbanos? Os espaços culturais são
refúgios. Quando estiver se sentindo sufocado, procure desesperadamente um
espaço cultural.
Cada crônica que eu escrevo é um caminho.
Cada
caminho que eu faço é uma crônica que eu escrevo.
CAMINHADA
URBANA
Urban Hiking, a
caminhada urbana, é mais comum do que a gente imagina. Em tempos remotos, os nossos
antepassados costumavam chamar esta caminhada urbana de “dar uma passeada”, “olhar as vitrines”, “vê
as modas na rua”. Recordo-me que a minha vó costumava me chamar para andar pelo
centro da cidade de Campos dos Goytacazes. Olhar o movimento. Eu adorava.
Cresci praticando a caminhada urbana sem saber. Várias vezes, imerso em obsessões e perturbações mentais, eu
gostava de andar pela cidade, para “espairecer as idéias”. Na verdade toda vez
que a gente resolve conhecer a cidade, tristes ou alegres, com os nossos
próprios passos, sem carro e com muita disposição, podemos chamar de caminhada
urbana. Somos dentro de um contexto urbano, seres que caminham. Somos
potencialmente caminhantes urbanos. Com o advento da automóvel fomos nos
tornando “preguiçosos”, sedentários. Até pra ir a uma padaria na esquina,
ligamos o carro. Em tempos de sustentabilidade ambiental, engarrafamentos,
poluição e tudo mais,deveremos repensar as nossas atitudes e começar a colocar
no nosso cotidiano a prática do Urban Hiking. Se quiser praticar entre em
contato conosco.
Até breve.
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